quinta-feira, 11 de junho de 2009

A FRENTE DO MEU TEMPO

1974 - Aos 17 anos de idade - Eu fiz um curso de perfuração. Uma espécie de digitador. Naquela época o meio que se usava para armazenamento de dados eram os cartões perfurados - cartões "de papel" perfurados em código BCD(Binary Codec Decimal). Era como incluir dados e comandos nas máquinas. Os dados eram impressos em cartões através de pequenos furos. Até bem recentemente, alguns sistemas utilizavam este tipo de equipamento.) Como se utilizássemos hoje o CD, DVD, Pen Drive, enfim. Quem trabalhava com isso recebia o nome de PERFURADOR.

Eu confesso a vocês que fico intrigada para lembrar de onde eu tirei essa idéia, o que eu vi, ou ouvi que pudesse me despertar interesse para essa área. Já que não tínhamos televisão, o meio social onde estávamos inseridos era de pessoas simples, trabalhadores assalariados de pouca instrução, de profissões e funções subalternas; num lugar longe das grandes e mais importantes novidades. Sem deixar de mencionar que aquela não era a era da informação.

Embora, fosse no Rio de janeiro, não estávamos no grande centro do Rio. Mas, sim, na Baixada Fluminense. Lugar esquecido pelos governantes, a não ser na época de catar votos.

Distante onde os pobres conseguem comprar algum terreninho pra ter uma casinha, sem se preocupar com aluguel.

Sem que eu percebesse, Deus já guiava meus passos. Óbvio que com esse "networking," Era impossível fazer um curso deste e ingressar na área e por em prática o que se aprendeu e desenvolver; além do agravante de que naquela época a informática, não era popular como hoje.


Então, lá se vai o primeiro curso profissionalizante, que não me levou a nada. Perto de completar 18 anos, me sentindo deslocada pelas idéias, sonhos e imaginações, completamente descontextualizada do meio em que vivia.

Queria pegar mundo, conhecer, descobrir o que existia de fato de tudo aquilo que minha alma me apontava.
Também não me lembro como foi que eu me tornei então: FRENTISTA. Talvez graças a educação rigorosa e até grotesca que recebi, principalmente por parte da minha mãe.

Mulher forte, que não admitia, fraqueza, corpo mole. Ela sempre nos contava com orgulho que durante sua adolescente e início da juventude morando no morro do Andaraí. Tinha que ir pra mata da Tijuca buscar lenha na cabeça para cozinhar; e que ela não admitia que seu feixe de lenha fosse menor do que os dos seus irmãos homens.

As frases que ela sempre mencionava pra nós em casa eram:
- "Enquanto descansa, carrega pedra",
- "o que arde cura,"
- "o que aperta segura."
Ou seja, além de ter um nome que pertencera sempre a generais de exército como já contei. (bíblia). Fui educada para lutar, para aguentar o que viesse. E assim, eu não escolhia o que fazer. Se era pra trabalhar honestamente e ganhar um dinheiro honesto. Seguia em frente.

Havia ao lado desse posto um prédio de apartamentos populares. Num dos andares, moravam umas mulheres e elas ficavam lá de cima, da janela, jogando piadinhas e insinuando que eu fosse lésbica. Imagina a minha figura: Cabelo black power, vestida num macacão feito de mecânico à frente de uma bomba de gasolina. Para aquela época, chegava ser escandaloso.

Já começou aí, sentir de forma clara que a vida, o mundo não era fácil e que nem encontraria pelo meu caminho só pessoas boas, de boa índole e que facilitaria pra mim. Que nada, a partir daí comecei encarar a guerra ! E a descobrir que vier é belo. Mas, não é fácil.

Você pode imaginar, há 35 anos atrás, uma mulher, trabalhando como frentista?
Pois é eu Adna, depois de carregar areia lavada na carroça pra vender; agora black power, vestida num macacão, vou trabalhar em um Posto de Gasolina que existia, não sei se ainda existe, no final da Av. ... no Centro de Nova Iguaçu, próximo da Via Dutra, avenida que liga, Rio de Janeiro a São Paulo - Av. Presidente Dutra.

Não fiquei muito tempo. Não me lembro os detalhes da minha saída. Mas, não parei, não desisti.

Me matriculei num curso de Datilografia em Nova Iguaçu.




Sou do tempo da máquina de escrever.
Sensacional!

Curto demais ter acompanhado de perto, usado profissionalmente e passado por toda essa evolução tecnológica; da máquina de escrever manual, elétrica até o nosso PC - Personal Computer, o Computador Pessoal, ao notebook, MP3, 4, 5, 7, MP10 e sabe-se lá o que está sendo lançado nesse minuto. São tantas novidades, que nem nos dá tempo para conhecer a todos, principalmente na nossa classe social. Mesmo assim, me sinto privilegiada. Minha curiosidade continua aguçada e arvorada à descobrir para que serve, qual a utilidade e me ponho a vasculhar a internet para conhecer. E como eu gosto de tudo isso! Me identifico. Trabalhei tanto com a IBM como com a REMINGTON(eram as marcas famosas); de fita e de esfera, quem trabalhasse com uma dessas era sinal que estava numa empresa muito boa porque utilizava tecnologia de ponta. (rsrs)Essas eram as esferas, substituiram as fitas que sujavam os papéis, resultando assim num trabalho mais limpo. E as 18 anos minha carteira foi assinada pela primeira vez, como Auxiliar de Escritório. Na empresa "A Rural e Colonização S.A." Era a imobiliária que administrava o loteamento onde nós moramos em Nova Iguaçu. Já falei mais detalhadamente sobre ela em um dos posts abaixo.

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