sábado, 2 de julho de 2005


Meu pai dizia que Deus dera aquele lugar pra ele, que ali era uma terra que manava leite e mel, fazendo referência a bíblia, porque tinha muito gado solto por lá e muita abelha.

Nós moramos no Andaraí, por 2 anos; eu tinha acabado de completar 12 anos em março. E no dia 07 de abril de 1969, nos mudamos para Vila Marina. Lembro-me que meu pai dizia que lá era um morro muito mais alto do que o morro do Andaraí, por isso se chamava Morro Agudo, mais tarde Comendador Soares. Que nada! Era só pra fazer piada com a gente; lá até que tinha uns morros, até hoje tem a Serra de Madureira, na estrada de Madureira; Nossa casa ficava num altinho. Mas, nada comparado com a Rua do Diogo, no Andaraí. Papai gostava de brincar assim.

Lembro-me que pegamos um ônibus da Tijuca para a Central do Brasil, lá pegamos um trem. Não me lembro direito, mas, acho que meu pai havia ido antes com a mudança e minha mãe ficara pra nos levar depois. (Preciso confirmar isso com mamãe).
Descemos do trem não me lembro se na estação de Nova Iguaçu, ou na de Morro Agudo; pegamos mais um ônibus e descemos em uma estrada de terra, onde estavam construindo um conjunto residencial, que depois se chamou Rosa dos Ventos, na estrada do Riachão. Mais tarde mudou para Estrada da Palhada. A Estrada do Riachão era muito bonita nessa época. Era coberta de areia bem branquinha, que nos fazia imaginar ter alguma praia por perto. Que nada :-) ! Não tinha praia nenhuma. Nós nem se quer imaginávamos que ao mudarmos pra aquele lugar, seríamos os cariocas mais distantes de praia, uma das marcas fortes dos cariocas, e de todos os demais referenciais do Rio de Janeiro cidade Maravilhosa, naquela época era mais maravilhosa que hoje. Não sabíamos que nos tornaríamos turistas da cidade natal.

Sem contar que, por causa da distância, sequer imaginávamos quando iríamos passear na cidade do Rio de Janeiro. Nos tornamos suburbanos, matutus.

De onde descíamos do ônibus até a casa que meu pai comprara, andávamos a pé uns 30 minutos por essa estrada. De longe minha mãe toda empolgada, nos mostrava a casa que podíamos avistar bem pequenina, pois era um loteamento novo e não existiam por lá, 5 casas ao todo num raio de quilômetros. Me lembro que chorei de tristeza, de cara eu não gostei, era como se meus pressentimentos que me acompanham até hoje, estivessem me revelando que ali não era o lugar que nos abriria portas de oportunidades para construirmos nosso futuro um pouco mais brilhante.
E sei que toda minha família tinha e ainda tem muito brilho, é um brilho, sutil, porém marcante que se destaca, embora na verdade nós nem percebemos. Era como se eu soubesse que naquele lugar, nosso brilho se apagaria. Mas, eu só tinha 12 anos, não tinha clareza dessas coisas que acabo de escrever, hoje, aos 48 anos de idade.

A proporção que andávamos nos encontrávamos com muitos bois. Confesso que se aquele lugar fosse pra eu passar férias, penso que adoraria... Mas, pra morar! Pensar em futuro! Não. Eu já presumia que não era ali o melhor lugar.

Não tinha luz, água tratada, só poço, que inúmeras vezes meu pai, meu irmão e até eu entrara pra aprofundar atrás de mais água, pois ele sempre secava, pois como nossa casa ficava num ponto alto o veio dágua era muito ruim.

Sem colégio por perto e sem ônibus para nos deslocar até o mais próximo. Não tenho muita certeza, mas, acho que ficamos um ano inteiro sem estudar. Só no ano seguinte depois que inaugurou o conjunto Rosa dos Ventos, retomamos os estudos, lá construíram um colégio chamado 7 de setembro, me recordo de minha mãe comentando que lá no Andaraí, nós estudávamos numa escola pública muito boa, e o Itamar ia muito bem, na 3ª série, porém o rendimento dele caíra muito, quando ele retornou lá no 7 de setembro.

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