segunda-feira, 29 de junho de 2009

continuação - DEZEMBRO DE 2002

Passei a tomar muitos remédios para as dores e anti-inflamatórios e agora tinha que tomar remédios para depressão, e para dormir. Medicamentos fortes que acabavam me deixando grogue o dia todo e ainda mais amarga, solitária, sem vontade de viver sonolenta. Meus filhos, como sofriam!

Ás vezes tomava um comprimido à noite para dormir e quando acordava pela manhã tomava outro para não acordar, eu queria continuar dormindo, pq assim era menos difícil viver.

Ficava dias sem comer, sem tomar banho, trancada no meu quarto. Tinha horror ter que sair no meu portão. Não queria ver ninguém, se o telefone ou a campainha tocavam eu ficava desesperada, em pânico. Inúmeras vezes desliguei a campainha e tirava o fio do telefone da parede.

Se não tivesse jeito eu recebia as pessoas, porque fui educada por minha mãe a receber e tratar bem as visitas. Mas, era muito grande esse esforço.


É importante lembrar que de dezembro de 2002 a fevereiro de 2003, passei a chorar muito, me sentia desprezada, rejeitada a própria escória.

Comecei a questionar e duvidar que Adna eu era? Seria a que todo mundo dizia que era alegre e extrovertida, ou essa que teimava a se expor e eu não conseguia mais esconder; uma pessoa triste, amargura? Será que eu vivera mais de quarenta anos da minha vida mentindo a todos e a mim mesma?!


Passando por tudo isso, preferi que mamãe fosse para Maceió onde meu irmão morava; eu não queria que ela ficasse ali assistindo todo aquele sofrimento. Pois a conheço bem e sei que ela absorve tudo e acaba sofrendo mais que a outra pessoa.

Sendo assim, eu passava a maior parte tempo só. Minhas filhas gêmeas trabalhavam e moravam em suas casas, tinham suas vidas independente. Sempre que podiam e tinham folga do trabalho vinham me ver, e meus dois caçulas iam para o colégio na parte da manhã e sempre tinham outras atividades escolares. Por causa disso, eu era obrigada ir todo mês para o Posto da Previdência de ônibus sozinha. O que eu destava. Tinha vontade de morrer para não precisar fazer aquilo só.

Externamente quem não me conhecia não via nada. Então, como saber que eu tinha um problema sério de coluna?

Os motoristas dos ônibus, das toquipes, os passageiros; ninguém podia me ajudar o que contribuia para agravar ainda mais aquele estado de fragilidade, onde me sentia indefesa, vulnerável e só. Quando então, os sentimentos ruins se multiplicavam, geralmente entrava em crise mais profunda de depressão uma semana antes de ir para as perícias médicas do INSS e ficava por mais uma semana em depressão, por todo o contexto, somado à forma como atendentes e peritos me atendiam no Posto da Previdência.


Geralmente saía do posto chorando e ficava na Av. Francisco Sá, próxima da Praça do Liceu, chegando ao centro de Fortaleza. Enconstava no muro chorando disfarçadamente, esperando o ônibus chegar e pedindo a Deus que o motorista não arrancasse de forma brusca. Quantas vezes entrava no ônibus sentava no canto de um banco, virava o rosto para o vidro da janela e chorava de soluçar.

Demorei seis meses para conseguir sentar e andar mais ereta. Porque com o peso da cabeça sobre o pescoço e do braço quando deixava cair ao lado do corpo liberando o ombro, as hérnias comprimiam o nervo e as dores irradiavam. Então passava mais tempo deitada, o que causava também outras dores. Depois desses seis meses, comecei a conviver com crises inesperadas. Ás vezes estava aparentemente bem e de repente ficava acamada por dias, semanas.

Além das dores da coluna, ainda sofria com minha recém-separação, - uns dois ou três anos talvez - em fevereiro de 2003, diagnosticada com depressão crônica, por uma psiquiatra indicada por duas amigas que fiz através do Carlos Queiroz, meu amigo: Dra. Suzana Kramer e Dra. Elisa .... eu havia feito algumas consultas com elas durante o final do ano 2001 e no decorrer do ano 2002 para descobrir porque andava com tanta taquicardia, desânimo, um imenso esgotamento, meu humor a cada dia se tornava mais instável, me transformando em uma pessoa irritadiça, intolerante, impaciente. Eu não era assim! Sempre fui muito agitada, mas alegre, pra cima, de bem com a vida, recuperava rápidamente qualquer tristeza e não me encontrava mais assim.

Por causa da coluna fui afastada:
  • do meu trabalho, onde eu estava muito bem, (fizera 11 anos em março de 2002)
  • da faculdade onde eu fazia um curso de extensão da área de Administração de Empresas; Gestão de pequenas e Médias Empresas.
  • do curso de inglês que eu fazia aos sábados pela manhã. (indo para o terceiro semestre)
  • E da adminstração da casa, filhos e minha mãe que veio morar comigo desde que meu pai falecera em 11 junho de 1995.

Um comentário:

  1. Olá, achei seu blog na comunidade do orkut! E gostei desse post, lembrei dos momentos que passei quando também tive depressão! E como um professor meu dizia, o aprendizado que a gente tem tendo depressão é só o que temos que lembrar e esquecer esse período triste em nossa vida! Ele realmente foi muito importante e me transformou, sou a pesoa que sou hoje, um pouco por causa disso! Mas hoje levo a vida feliz e fazendo de tudo para que não passe de novo por todos aqueles sentimentos ruins que passei!
    Beijokass
    Gabi
    Meu blog: http://dia-a-dia-gabi.blogspot.com/

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